Benilson Toniolo
Já contei esta história aqui,
mas vale a pena relembrar. Quando eu era moleque e alguém me perguntava o que
eu ia ser quando crescesse - e Deus sabe quantas vezes uma pessoa ouve isso ao
longo da vida- eu dizia que queria ser professor, escritor ou jornalista.
Invariavelmente alguém caçoava da resposta: ‘coitado, vai morrer de fome’. E
como morrer de fome deve ser uma das formas mais terríveis de morrer, aquilo me
aterrorizava. Acontece que já naquela época eu gostava muito de livro, de
revista em quadrinhos, de desenhar e de escrever. Então, aquilo é o que me dava
prazer. Logo, eu queria fazer aquilo pelo resto da vida. Natural.
Se deu certo ou não, é outra
história. Escrevi meus livrinhos, tenho uma coluna num jornal local e ainda não
desisti de ser professor. Quem sabe um dia?
Nessa toada, sucede que passei
a nutrir, ao longo dos tempos, grande respeito pelos jornalistas. Aliás, numa
análise bem rápida e superficial, arriscaria dizer aqui da fundamental
importância da imprensa na denúncia dos grandes escândalos políticos no País
nas últimas décadas. Graças ao trabalho dos jornalistas, políticos, empresários,
atravessadores, lobbystas e outros componentes da diversificada fauna pública
brasileira foram identificados e julgados. Se bem ou mal, é outra história. Mas
foi graças ao trabalho desta classe que a população foi informada e pôde
acompanhar o desdobramento de fatos obscuros até então desconhecidos da maior
parte das pessoas.
No mundo todo jornalistas são ameaçados,
intimidados, agredidos, massacrados e mortos simplesmente por fazerem seu
trabalho. Jornalista só não morre mais do que policial. E ambos assumem este
risco assim que se sentam para aprender seu ofício. Não dá pra dizer que não sabiam.
Jornalista não torce pra time
nenhum e não milita em nenhum partido político. Deve ser neutro, imparcial e
observar a tudo com olhos críticos e lente própria.
O fato de um jornalista
entrevistar determinado político não significa que ele é a favor do que o
entrevistado está dizendo.
O fato de um jornalista sorrir
diante de um gol bonito não significa que ele torça para aquele time.
O fato de um jornalista ser
eventualmente fotografado, em meio a um mar de outros profissionais de
imprensa, durante a entrevista de um candidato à Presidência da República não quer
dizer que ele vai votar, ou é simpático, àquele candidato.
Vejam o caso, por exemplo, do
escritor Carlos Drummond de Andrade, que saiu de sua cidade natal, Itabira, para
o Rio de Janeiro, a então capital da
República, convidado por seu amigo Gustavo Capanema que assumiria, na capital, o comando do ministério da Educação e nomearia o amigo como seu assessor. Corriam os anos da ditadura de Getúlio Vargas e, anos depois, surgiu a 'tese', torpe e injusta, de que Drummond havia servido à ditadura. Ora, o cargo ocupado pelo mineiro correspondia a de média chefia, e é bem possível que tenha se encontrado com o ditador gaúcho algumas poucas vezes e, assim mesmo, em eventos públicos. Ou seja, Carlos Druimmond de Andrade, nosso 'poeta maior', não serviu à ditadura, e sim durante.
Acusar um jornalista de
defender este ou aquele governo, ou candidato, pelo simples fato do profissional
ter sido fotografado ao lado dele, e no cumprimento de suas funções, não chega
a ser ignorância –porque ignorância tem conserto.
O que não tem conserto é
mau-caratismo e má-fé.
Prezado Sr. Benilson. Recebi seu vídeo no watzap Ettore Quaranta, 40 anos depois, no grupo de pesquisadores do "Núcleo de Estudos em História Social da Cidade, da PUC-SP, e repassei para o Prof. Dr. Ettore Quaranta, nosso colega na Carreira Docente da universidade e membro do grupo. Ficou muito feliz com sua homenagem. Decidimos procurar seu contato para dizer que o Prof. Ettore Quaranta está vivo, na ativa da PUC-SP e continua morando em Santos/SP. Se receber esta mensagem, seria uma alegria sua participação no grupo de historiadores sobre cidades. Atenciosamente, Profa. Dra. Arlete Assumpçao Monteiro
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