quarta-feira, 30 de maio de 2012

POSSE DA NOVA DIRETORIA DA ACADEMIA DE LETRAS DE CAMPOS DO JORDÃO

No último dia 26 de maio, no plenário da Câmara Municipal, deu-se a posse da Nova Diretoria da Academia de Letras de Campos do Jordão. Com cerca de 60 pessoas na plateia, a reunião teve ainda a palestra do Acadêmico Nelson Guimarães Proença, sobre saúde, e apresentação do livro Mar de Amares, pela professora Maria José Ávila, a nova presidente. Na condição de vice-presidente, fica reiterado meu apoio, lealdade e disposição na condução dos trabalhos da nova Diretoria. E olha que tem trabalho pela frente...







terça-feira, 29 de maio de 2012

50. FESTA DO PINHÃO - Concurso Estudantil

Por ocasião da 50. edição da tradicional festividade jordanense, estivemos na tarde de sábado, dia 19 de maio, premiando os estudantes das escolas públicas vencedores do concurso História de Pinhão. Nas fotos, juntamente com Flávia Centofante Guimarães, Secretária Municipal de Cultura, e um dos alunos vencedores.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

CARLOS FUENTES (1928 - 2012)


Perda sentida. Li, de sua autoria, A Cadeira da Águia e Diana. Recentemente, assisti na Globonews a alguns trechos de uma entrevista concedida por ele ao canal, em que falava excessivamente de política, e muito pouco de literatura. Dos livros que li, há diversas anotações que transcrevo abaixo, como forma de homenagear este que é um de meus autores favoritos. Como consolo, a certeza de que poetas e escritores, por serem eternos, acabam por vencer a morte. E vai aumentando meu rol de perdas recentes: Fuentes, Saramago, Mercedes, Dalla, Tabbucchi...

                                          EXCERTOS DE CARLOS FUENTES
- O louvado Deus de um dia pode ser o execrado demônio do momento seguinte;
- A importância da America Latina é, justamente, que não possui saúde financeira. Somos importantes porque criamos problemas aos demais integrantes do sistema. A única força da America Latina consiste em postergar;
- Não tomar decisões é pior que cometer erros;
- Se não há política sem bandidos, o certo é que também não há sociedade sem demônios;
- Não há mistério depois da morte. O morto não sabe que estamos vivos. Antes de nascer e depois de morrer, vivemos, no fim das contas, nossos próprios, intocáveis mundos;
- Por mais que você tape os buracos dos seus erros (e, quem sabe, dos seus crimes), para cada buraco coberto serão descobertos outros três. Chamam-se ”conseqüências”;
 - O México é um mendigo sentado sobre uma montanha de ouro;
 - O problema do sexo é que, mesmo sendo um prazer, não transforma as más noticias em boas;
 - O crime inspirado pelo temor de ser morto é mais freqüente que o crime pela vontade de matar;
 - Não nos submetemos à realidade. Nós a criamos;
- Como me chamo Bernal Herrera, como meu pai, prenderam-me e torturaram, pensando que eu era meu próprio pai, até que chegou o chefe da polícia de Juárez e disse a eles: ‘Não sejam estúpidos. O pai dele já morreu e nós mesmos enterramos’;
 - A vantagem de um coração envenenado é que se torna imune ao fogo e à água;
 - Em política não há traição que não se possa fazer. Ou, pelo menos, imaginar;
- Não há pior solidão que a esperança de ser feliz. Deus nos promete um vale de lágrimas na Terra. Mas esse sofrimento é, afinal, passageiro. A vida eterna é a verdadeira felicidade.  Respondemos a Deus rebeldes, insatisfeitos: Não merecemos uma parcela de eternidade em nossa passagem pelo tempo? As artimanhas de Deus são piores que as de um croupier em Las Vegas.  Promete-nos felicidade eterna e pranto na Terra. Nós nos convencemos de que conhecer a vida e vivê-la bem é o supremo desafio a Deus em seu vale de lágrimas. Se ganhamos o desafio, Deus, de qualquer modo, vinga-se de nós: nega-nos a imortalidade ao seu lado, condena-nos à dor eterna. Atrevemo-nos, contra qualquer lógica, a dar lógica à Divindade. Dizemo-nos: não pode ter sido Deus o criador da miséria e do sofrimento, da crueldade e da barbárie humanas. Em todo caso, isto não foi criado por um bom Deus, e sim pelo Deus mau, o Deus aparente, o Deus mascarado, que só podemos vencer esgotando as armas do mal que Ele mesmo criou. Sexo, crime e, sobretudo, a imaginação do mal. Não são estas dádivas, também, de um Deus maligno? Assim nos convencemos de que só assassinando o Deus usurpador chegaremos, limpos de corpo, libertos de mente, a ver o rosto do Deus primeiro, o Bom Deus. Mas o Grand Croupier tem outro trunfo na manga. Esgotados nosso corpo e nossa alma para chegarmos a Ele, Deus nos revela que Ele não é senão o que Não É. Só podemos saber de Deus o que Deus não é. Saber o que Deus é, não o sabem nem os Santos nem os Místicos nem os Padres; não o sabe nem o próprio Deus, que cairia fulminado por sua própria inteligência se o soubesse. Ofuscado, São João da Cruz foi quem mais se aproximou da inteligência de Deus, apenas para nos comunicar esta nova: “Deus é Nada, o Nada  supremo, e para chegar a Ele é preciso viajar para o Nada, que não pode ser tocado ou visto ou compreendido em termos humanos”, e, para abater a esperança, São João não nos deixa senão esta terrível passagem: “Todo o ser das criaturas, comparado com o infinito ser de Deus, nada é... Toda a beleza das criaturas, comparada com a infinita beleza de Deus, é suprema feiúra.” Talvez Pascal, santo e cínico francês, seja o único cuja aposta salve, ao mesmo tempo, nossa consciência e nossa concupiscência: Se se aposta na existência de Deus e Deus não existe, não se perde nada; mas, de Deus existe, ganha-se tudo;
- A literatura é a minha verdadeira amante, e todo o restante, sexo, política, religião se a tivesse, morte quando a tiver, passa pela experiência literária, o filtro de todas as demais experiências da minha vida;
- A razão leva à desesperança;
- A mentira é o preço do progresso. Quanto maiores os avanços tecnológicos, mais compensamos nosso atraso moral ou imaginativo com a arma disponível: a mentira.
Longa vida a Carlos Fuentes.




domingo, 13 de maio de 2012

DIA DAS MÃES



REFORMA

Minha mãe até hoje
Chuleia
Alinhava
Costura

Pé na máquina e na agulha
Até hoje
Remenda
Faz barra
Regula

O som da roupa em concerto
Ecoa desde menino
Na minha cabeça de homem
Esperando conserto

Em "Sandálias Paternas E Outros Poemas", pág. 13

terça-feira, 1 de maio de 2012

"OS CORVOS DE VAN GOGH", de Isabel Furini

                                          Os Corvos, de Isabel Furini: destaque também na biblioteca aqui de casa...

ABANDONADOS


Silenciosos sonhos enlaçados no canto
da mente onde só açoitam as lembranças
(telas de emoções, carícias, girassóis,
abandono, navalhas, mágoas).

Entre o silêncio e a angústia religiosa
os ternos sonhos
de uma colônia artística ficam abandonados.
                       -abandonados na solidão da casa amarela.

Abandonados entre as curvas em espiral
pintadas nas telas,
abandonadas entre fracassos e recordações.
                                                              Abandonados.

(pág. 43)

Esta, uma única mostra dos poemas de Os Corvos de Van Gogh, o novo livro da escritora paranaense Isabel Furini, que me ofereceu generosamente o privilégio de tecer-lhe o prefácio -tarefa que prontamente atendi, destarte a hercúlea responsabilidade em prover um texto para uma obra de uma das mais atuantes e talentosas personalidades literárias brasileiras da atualidade.