quinta-feira, 2 de maio de 2013

ABRIL E O FIM DOS TEMPOS




O mês de abril de 2013 no Brasil passou deixando atrás de sim uma imensa mancha de sangue, tantos foram os crimes, os homicídios, os latrocínios, os acidentes. Há quem diga que este é um fenômeno mundial, uma vez que também morreu gente nos Estados Unidos, na Síria, na Itália, no Afeganistão, nas Coreias, em Portugal. Outros ainda dirão que morte sempre houve, o que não havia era internet para que elas fossem noticiadas, tanto e com tamanha velocidade.
A mim, pouco se me dá se a situação é igual, melhor ou pior do que antes. O que considero é a imensurável gravidade de alguém queimar viva uma outra pessoa pelo fato de ela não ter dinheiro em uma quantidade que possa ser roubada e satisfazer o criminoso. Isto, sim, é o fim dos tempos.  
Como fim dos tempos é o fato de a sociedade brasileira iniciar somente agora a discussão sobre a revisão da maioridade, enquanto os 'di menor' continuam matando, torturando e estuprando, convictos que nada sofrerão, nem agora, nem quando atingirem a maioridade. 
Como fim dos tempos são os 580 bilhões de reais arrecadados nos primeiros quatro meses do ano, conforme anunciado pelo 'impostômetro' instalado defronte à Associação Comercial de S. Paulo.
Fim dos tempos é o fato de, em pelo século 21, o ´País do Futuro´ continuar ignorando a importância da Educação e voltar as costas aos professores, que são obrigados a entrar em greve, enquanto um brasileiro é escolhido como um dos melhores educadores dos Estados Unidos. 
Fim dos tempos é o salário de 15 mil reais pagos a sete garçons no Congresso Nacional, enquanto milhões de outros profissionais desta mesma atividade recebem salários de fome.
Fim dos tempos é o Governo pagar mais de trezentos reais por uma capa de chuva para os policiais militares de Brasília usarem durante a Copa do Mundo, justamente numa época em que, todos sabemos, pouco ou quase nada chove no Cerrado. Um gasto de 5 milhões de reais a se juntar aos inúmeros escândalos financeiros que envolvem a organização deste evento no Brasil (como não se indignar com as baianas, proibidas pela FIFA de vender acarajé nas cercanias do estádio de Salvador?).
Fim dos tempos neste País é o que vivemos todos os dias: o emburrecimento generalizado, a apologia à prostituição, a indiferença que nos brutaliza e aliena, a valorização do que é ruim, a banalização da vida, a desimportância dada diariamente à arte e à cultura, ao fundamentalismo, ao fanatismo, a supervalorização do futebol,  a falta de questionamentos, a aceitação do que é errado, do que é torpe, do que mata, do que corrompe.
Fim dos tempos é dar dinheiro de graça a quem não quer produzir, não quer pagar, não quer construir e nem se comprometer com nada. 
Fim dos tempos é achar que já somos um País que já chegou aonde tinha de chegar, e que portanto está fadado a não chegar a lugar algum. Como, aliás, nunca chegou.

Benilson Toniolo