quarta-feira, 10 de outubro de 2012

“A INDIFERENÇA É O PESO MORTO DA HISTÓRIA”





Escrevo esta coluna sem saber ainda o resultado das eleições em nossa Cidade –isto, de forma propositada. Fiz questão de fazer este registro sem qualquer tipo de ”interferência” quanto a saber o nome do novo Prefeito, e também aos novos membros da Câmara Municipal. Ou então, para ser mais justo, se houve ou não mudança nas cadeiras, tanto no Executivo, quanto no Legislativo. Decidi escrever, portanto, um dia antes das eleições. Para ser mais exato, no sábado, dia seis de outubro.
A eleição que passou foi uma grande demonstração, da parte do jordanense,  de cidadania e civilidade. Todos, votantes e votados, nos comportamos muito bem. Novos e velhos candidatos se respeitaram e conviveram de forma harmoniosa; velhos caciques (alguns já sem nada mais a oferecer) e jovens promessas (uns com muito a colaborar, outros que encerraram a campanha sem conseguir nem decorar o nome do próprio partido) dividiram o mesmo espaço, apesar das heterogeneidades; o interesse pela política revelou caras novas, que deram um grande exemplo de comprometimento e coragem ao saírem das suas “zona de conforto” e arregaçarem as mangas para construir um futuro melhor para todos.
Sem falar na realização dos debates, fundamentais para que o eleitor conhecesse melhor as opções que lhe eram apresentadas e pudesse abandonar o rol dos indecisos.
Há aspectos a serem melhorados, obviamente, no processo como um todo. O excesso de lixo acumulado pelas ruas e calçadas, a poluição sonora (alvíssaras, senhor promotor, alvíssaras), o triste espetáculo dos seguradores-de-bandeira (será que nesta Cidade não há tarefa mais digna que possa ser oferecida a essa gente?), as “baixarias facebookianas”, e principalmente essa mania que muita gente ainda tem de, a cada eleição, se “pendurar” neste ou naquele candidato na esperança de ganhar um emprego público que lhe dê bom salário e pouco serviço pelos próximos quatro anos, ou enquanto durar o mandato. Aliás, quanto a este assunto, vale uma pergunta: não é muito mais “saudável” estudar e se tornar um profissional de verdade, cuja trajetória independa da vontade das urnas e da prestação continua de favores?
A verdade é que, independentemente de quem tenha vencido a eleição, começou uma nova era em Campos do Jordão. E é neste momento de transição que me vem à mente a figura de um pensador italiano chamado Antonio Gramsci,  de quem conheço muito pouco, mas que tem uma frase que me causa bastante espécie, e que dá título a esta coluna. Segundo ele, “Viver é tomar partido. Não pode haver os apenas homens, estranhos à cidade. Indiferença é paralisia, abulia, não é vida. A indiferença é o peso morto da História”.
Portanto, a experiência que tivemos nesta eleição só terá valido a pena se, seguindo o conselho de Gramsci, deixarmos de ser politicamente indiferentes, e passarmos  a ter uma postura fiscalizadora e crítica quanto ao trabalho que será desenvolvido por aqueles que foram colocados nos principais cargos públicos do Município.
Prefeito não legisla, vereador não tem poder de Secretário Municipal e ambos têm como principal atribuição o papel de representar os interesses do povo e fazer o melhor de seus esforços, pelo menor custo possível, pelo bem dos jordanenses –que, por sua vez, têm por obrigação fiscalizar este trabalho e exigir dos eleitos nada menos que o máximo.
Portanto, chega de oba-oba, de papo-furado, de verborragia.
E não, não vou desejar boa sorte aos eleitos porque, de sorte, nenhum de nós necessita. Vou é recomendar que trabalhem de forma séria, dedicada e honesta, e que honrem cada um dos votos que fizeram com que os senhores chegassem onde chegaram.
Há uma joia maltratada no alto da Serra, esperando para ser cuidada, limpa, lustrada, renovada, para poder voltar a brilhar e encantar o mundo.


Benilson Toniolo

Sem comentários:

Enviar um comentário