Passei um dos melhores períodos de minha vida entre os anos de 1996 e 1998, quando morei na
Paraíba.
Recém-casado, sem filhos, com um salário razoável,
morando no mesmo hotel em que eu trabalhava, passava os finais de semana entre
o esplendoroso litoral paraibano, de norte a sul do Estado, em Natal, de beleza
incomparável, e Recife, cidade que hospedo no coração até hoje. Algumas incursões
pelo interior de Pernambuco, também, mas muito rapidamente: Timbaúba, Buenos Aires, Acerolândia, Garanhuns e Nova
Jerusalém, para a encenação da Paixão de Cristo na Semana Santa.
Isto entre 1996 e 1998.
Trago grandiosas recordações desta época, algumas muito engraçadas,
como esta aqui.
Haveria em nosso Centro de Convenções, em alguns dias,
uma reunião do Instituto Dante Alighieri para tratar da realização de uma
Semana de Cultura Italiana que ocorreria no local. Como sou –sempre fui- muito
ligado à questão da cultura da Itália, até por conta de meus antepassados vênetos,
e diante do “aperto” da própria comissão organizadora, formada por dois ou três
abnegados, me dispus a ajudar no que fosse possível. Coube ao Hotel, então, naquele momento, telefonar
para algumas pessoas de uma pequena lista fornecida por eles e informar da reunião.
Chamei a telefonista –vamos chamá-la de, sei lá,
Desdêmona, vai que a menina fica chateada comigo, mesmo depois de passados
tantos anos- e pedi a ela que fizesse as tais ligações, deixando claro que era
da parte do Instituto Dante Alighieri. Ela, então, liga para o primeiro nome da
lista, uma senhora:
- Boa tarde, senhora, aqui é da parte do senhor
Dante Alighieri...
- Da parte de quem,
minha filha?
- Do senhor Dante
Alighieri.
- Minha filha,
Dante Alighieri já morreu...
- Ai, meu Deus, seu
Benilson não deve nem estar sabendo!
Algum tempo depois,
ela entra na minha sala e, pálida e trêmula, se prepara para dar a notícia.
Prendi o riso e fitei-a sério, quase professoral. Senta aqui, Desdêmona, que vou lhe explicar umas coisas. Presta atenção.
À noite, acho que diante de uma pizza,
relatei o fato à Simone e gargalhamos, felizes como éramos (e somos),
indiferentes à tragédia que se anunciava.
Benilson Toniolo
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