terça-feira, 6 de janeiro de 2015

PRIMEIRAS DOMINGÂNCIAS DO NOVO ANO

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Benilson Toniolo

A goleada de 7 a 1 sofrida pela seleção brasileira contra a Alemanha, na última Copa do Mundo, parece mesmo que interferiu –e continua interferindo- de forma traumática na vida da nação. Parece que, ainda sob o efeito da traulitada, a classe que tem por função pensar os destinos do País sentiu muito mais que as outras os efeitos da goleada.
Faltando cerca de dezoito meses para o início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, alguns nomes convidados a conduzir as pastas públicas responsáveis pelos Esportes no Brasil chamam a atenção, digamos assim, pelo ineditismo e pela singularidade de seus históricos profissionais,  absolutamente estranhos à natureza do trabalho que os esperam.
George Hilton, o Ministro dos Esportes,  chamou atenção de todos ao assumir em seu discurso de posse não entender absolutamente nada dos assuntos da pasta. Pudera: trata-se de um pastor da Igreja Universal que, antes de ser nomeado para o primeiro escalão do governo, só tinha alcançado certa notoriedade ao ser flagrado pela Polícia Federal de posse de cerca de 600 mil reais, em dinheiro vivo, divididos em onze malas, sem conseguir explicar de forma convincente a origem da dinheirama.  Foi expulso do PFL e atualmente milita no PRB.
A prática de entregar o esporte brasileiro nas mãos de alguns dos escolhidos de Deus parece não ser exclusividade do Governo Federal. Geraldo Alckmin, em São Paulo, e Fernando Pimentel, em Minas Gerais, resolveram seguir os passos de nossa elegante chefe do Executivo e também entregaram as secretarias estaduais dos esportes a pastores da Igreja Universal, que pelo jeito tem notável capacidade de formar sacerdotes com singulares aptidões para a administração esportiva.
Melhor que isso só Luiz Pezão, governador do Rio de Janeiro, que entregou a titularidade da pasta para um dos filhos do ex-governador Sérgio Cabral –que pelo menos não é pastor, até onde se saiba.
Escolha tão ruim quanto a de Dilma, entretanto, as páginas e telas da imprensa ainda não registraram em 2015.
Ah, esses malditos alemães...

Massimo Cavenacci é um antropólogo italiano radicado há vinte e cinco anos no Brasil, onde é professor convidado de algumas universidades, com destaque para a USP, onde atuou –e atua- num projeto de mobilidade urbana.
Tomei conhecimento de sua existência em uma entrevista dada por ele, em português lombardo, no programa de Mario Sergio Conti na Globonews. Simpático, eloqüente, conhecedor profundo do Brasil e sua fabulosa complexidade, Massimo ressaltou o que chamou de ‘fantástico crescimento’ do País nos últimos vinte anos, sobretudo após os governos FHC e Lula, um em continuidade do outro, que trouxeram a estabilidade e o crescimento econômico e a diminuição significativa da pobreza.
Quase ao final da entrevista, ele registra duas de suas maiores preocupações com relação ao Brasil. Uma, a proliferação de doutrinas religiosas, que impedem o livre pensamento e encontram na indigência acadêmica um terreno fértil para enraizar seu desenvolvimento. A outra, o desaparecimento da música genuinamente brasileira, conhecida universalmente por sua genialidade, e que no entanto parece ter morrido. E encerra com uma pergunta: ‘onde foi parar a grande música brasileira?’.
Boa pergunta. Aonde é que, afinal, estamos indo parar todos neste País?


De Elio Gaspari, na Folha, sobre o discurso de posse de Dilma no Congresso: ‘Quem falou aos brasileiros como presidente da República foi a representante de uma facção, porta-voz somente dos “nossos governos” (o dela e o de Lula)’. 

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